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O Caso Enron: Uma das Maiores Fraudes da História

Foto do escritor: AdminAdmin

Atualizado: 28 de fev. de 2023



Uma das principais tarefas de um investidor é sair em busca de uma empresa cujas ações serão capazes de lhe gerar um bom retorno. Ficamos dias analisando se a empresa mantém bons lucros, cresce com frequência e constantemente paga seus acionistas.


Em Wall Street, existia uma empresa que era queridinha do mercado e cumpria esses requisitos, a já não mais existente companhia de energia Enron Corporation. Fundada em 1985 pelo empresário Kenneth Lay, a empresa se dedicava a exploração de gás natural e produção de energia de vários tipos, além de participar em outros setores mais secundários, como a internet. Seu crescimento era de outro mundo, tanto que em pouco tempo chegou a ser a sétima maior empresa dos Estados Unidos e alcançou um valor de mercado 68 bilhões de dólares em apenas 15 anos de existência.


Juntando isso com o ótimo controle que eles tinham das dívidas, o enorme crescimento anual do valor de suas ações e a reputação de ser uma empresa íntegra com previsões de crescimento, investir na Enron Corporation era quase que obrigatório para qualquer investidor que quisesse ter bons retornos.


A FRAUDE


Mas afinal, como uma empresa com números tão bons e aspectos ideais para investidores conseguiu ir à falência e deixar de existir?


A resposta é bem simples, era tudo uma grande mentira.


Em 1990, após o antigo CEO da empresa ter sido preso, quem assumiu foi Jeffrey Skiling, este deu início ao esquema que faria a Enron crescer absurdamente em poucos anos, mas também seria o motivo do colapso.


Tudo começou com a proposta de Skilling de usar um método financeiro chamado de "mark to market", método normalmente usado por empresas de corretagem, importação e exportação.


Nesse sistema financeiro, o que a Enron fazia era registrar o lucro e o pagamento de seguro ou contrato com uma base diária, mesmo que o contrato fosse de longo prazo, o qual o pagamento só iria acontecer de fato depois de muitos anos.


Um exemplo dessa política foi um contrato feito entre a Enron e a antiga rede de locadora de filmes Blockbuster. As duas empresas assinaram um contrato de 20 anos no valor de 100 milhões de dólares, com o plano de criar uma plataforma de streaming para a Blockbuster, mas por questões técnicas o acordo não deu certo e o contrato entre as empresas foi desfeito. Porém, devido ao método "mark to market", esses 100 milhões já haviam sido registrados na receita da Enron Corporation, como se o pagamento tivesse ocorrido normalmente.


Além desse método, outros dois fatores foram responsáveis por permitir o esquema. O primeiro era a forma com que eles maquiavam as dívidas da empresa. A empresa informava em seus relatórios que o endividamento era baixo, mas o que Enron fazia era passar a dívida da empresa para pequenas empresas as quais era dona, dando a entender que a Enron em si tinha uma ótima saúde financeira.


Não só isso, a corporação também teve que subornar a empresa de consultoria e auditoria Arthur Andersen, que assim não prestava atenção nos indícios de fraude e não informava os investidores sobre eles, permitindo que o esquema continuasse.


Com esses pilares do sistema, a Enron Corporation mentiu durante uma década sobre seus lucros, receitas e dívidas em nome de atrair dinheiro dos acionistas. E o crescimento teria continuado por muito mais tempo se não fosse o trabalho do setor de comunicações.


Após um período de instabilidades no fornecimento de energia no estado da Califórnia, os quais foram propositalmente causados pela Enron para aumentar o preço da energia e assim elevar seus lucros, jornais como o Wall Street Journal e revistas como a Fortune começaram a divulgar artigos detalhando e evidenciando os indícios das mentiras das finanças da empresa.


Com isso, a SEC (US Securities and Exchange Comission) órgão que o regula o mercado de capitais americano, abriu uma auditoria e conseguiu reconhecer que a Enron durante anos reportou dados fraudulentos para o mercado.


Com o esquema sendo revelado para o mundo, a empresa declarou falência, as ações que um dia chegaram a custar 86 dólares caíram para o valor de 30 centavos, foram perdidos 4.000 empregos e inúmeros investidores perderam quantias exorbitantes de dinheiro.


Tanto Skilling quanto Kenneth Lay foram condenados na justiça, além de vários outros membros do alto escalão da empresa. E a empresa de auditoria Arthur Andersen teve sua reputação manchada pelo seu envolvimento no escândalo e finalizou suas operações poucos anos depois.


CONCLUSÃO


O mercado financeiro é algo que permite muitas coisas boas, empresas conseguem arrecadar verba para realizar suas operações, gerando emprego e renda para muitas pessoas, além de permitir que pessoas comuns consigam aumentar seu patrimônio através dos investimentos. Porém, o mundo corporativo é composto muitas vezes por indivíduos que priorizam o lucro acima de tudo, acabando por violarem legislações vigentes em nome de seus objetivos privados. Presentemente, o mercado é muito mais transparente, agências reguladoras e setores da mídia estão constantemente de olho nas empresas e a informação chega para nós mais rápido do que jamais visto. Cabe aos investidores, consumidores e o´órgãos de regulação continuar cobrando as instituições por mais transparência, além de cobrar justiça em casos como esse.


Gustavo Altoé

Estudante de Ciências Econômicas

Equipe de Mídias da UFES Finance

 
 
 

2 Comments


Guilherme Publico
Guilherme Publico
Jul 16, 2022

Parabéns pelo texto. No Brasil, recentemente, tivemos o caso do Instituto de Resseguros do Brasil (IRBR3), que lançou receitas não recorrentes como lucro, turbinando seus resultados reais. Apesar das ações terem perdido 90% do valor, a empresa não quebrou e os administradores não estão presos. Isso é Brasil!

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gloriamarthaad
Jan 15, 2022

Parabéns Gustavo pelo seu artigo. Sua conclusão está perfeita! Que vc faça a diferença e seja brilhante, íntegro e feliz.

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