Um dos temas que mais têm estampado as manchetes jornalísticas é este: a emergência climática. A problemática tem atraído a atenção não somente das lideranças governamentais, mas também dos empresários e investidores. Nesse sentido, o panorama mundial fomenta a ascensão de um segmento de empresas inovadoras cuja operação está, completamente, atrelada ao desenvolvimento de soluções tecnológicas favoráveis à transição para uma economia verde e de baixo carbono. São as climate techs.
A ASCENSÃO DAS CLIMATE TECHS
De acordo com um relatório publicado pela Tech Nation, o número de climate techs quadruplicou no período que abrange de 2010 a 2022. No último ano, a estimativa é de que existiam quase 45 mil empresas desenvolvedoras de tecnologias voltadas à sustentabilidade ambiental. Devido ao elevado aporte e à tecnologia de ponta necessários à criação do modelo de negócio, não é surpreendente que, na dianteira do processo, estejam os países desenvolvidos. No pódio dos países com maior número de startups do segmento, estão Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. É relevante, ainda, apontar que o solo estadunidense sediava expressivos 37% de todas as climate techs do mundo.
Diante da crise climática, os olhos do mundo estão voltados para soluções referentes à descarbonização das atividades econômicas, de modo que o setor de energia seja o mais atraente para os investidores. Ainda segundo o relatório sobre o clima mais recente divulgado pela Tech Nation, as climate techs voltadas ao desenvolvimento de tecnologias para produção e distribuição de energia renovável captaram $30 bilhões em 2022. Na época, a fabricante britânica de baterias à base de íons de lítio, Britishvolt, recebeu a maior parte dos aportes e, em seguida, tornou-se uma empresa unicórnio, sendo avaliada em $2,2 bilhões.
Os dados mais recentes apontam que, no mundo, existiam 160 climate techs avaliadas em mais de $1 bilhão. Os Estados Unidos são a sede de mais de 90 de todas as empresas unicórnio do setor, com destaque para a Rivian Automotive e a Tesla Motors - esta que, hoje, é avaliada em mais de $640 bilhões. Além disso, os dados obtidos até o final de 2022 mostram que, quando as startups atingem maturidade, a maior parte dos exits é feita por meio da venda para outra empresa. Quando são adquiridas, as climate techs, normalmente, tornam-se um braço de desenvolvimento tecnológico para a empresa-mãe.
Em uma pesquisa divulgada pela plataforma HolonIQ, verifica-se um crescimento expressivo dos investimentos em climate techs por meio de fundos de Venture Capital (VC). Em 2010, os aportes totalizaram $1,6 bilhão, enquanto, em 2022, já ultrapassaram os $70 bilhões. O relatório, divulgado em janeiro de 2023, projetava uma tendência de expansão dos fundos de VC vinculados às climate techs. A projeção era de que somente os Estados Unidos teriam investido mais de US$100 bilhões no segmento durante o período que abrange 2010 a meados de 2023.
Não surpreendentemente, as principais rodadas de investimentos foram destinadas às climate techs cujo foco estava atrelado à energia. Em 2022, para as startups voltadas à energia renovável, as 417 rodadas captaram $8 bilhões. Para aquelas ligadas ao armazenamento e distribuição de energia, as 559 rodadas captaram $18,4 bilhões. Há um ano, o panorama das climate techs no mundo ilustrava uma aptidão crescente dos investidores em capital de risco que tinham como alvo principal as startups empenhadas no desenvolvimento de tecnologias favoráveis à transição energética, majoritariamente, relacionadas à energia solar e produção de baterias elétricas.
O BRASIL DENTRO DO DEBATE
O Brasil, por sua vez, está inserido no cenário internacional sem número expressivo de climate techs. O esforço rumo à transição energética, no entanto, promete impulsionar o mercado brasileiro de minerais críticos, tais como cobre, alumínio, níquel, lítio, nióbio e zinco, inerentes à fabricação de baterias elétricas e painéis solares. Em entrevista, o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, prevê demanda de $1,2 trilhão em minerais críticos até 2030. O mercado gerado pela transição energética, portanto, é fator de atração de investimentos para solo brasileiro e, inclusive, está no radar da gigante Vale.
A necessidade de reduzir a utilização de combustíveis fósseis como matriz energética também coloca o Brasil em destaque, devido à capacidade de geração de energia solar e eólica proporcionada pelas condições geográficas do país. Além da transição energética, em 2024, as empresas brasileiras focadas em sustentabilidade ambiental tendem a estar atentas às possibilidades desencadeadas pelo mercado de crédito de carbono - outro fator de atratividade para investimentos no país.
O PANORAMA MAIS ATUAL DAS CLIMATE TECHS
Os dados disponíveis sobre a situação das climate techs em 2023 ainda não são concretos, mas apontam que houve uma redução dos investimentos no setor. Um conjunto de fatores, na verdade, contribuiu para o encolhimento de todos os mercados privados no último ano. As turbulências geopolíticas, inflação e taxas de juros elevadas compõem a lista. No entanto, com a discussão acerca da transição energética e do mercado de carbono cada vez mais aflorada, as projeções para 2024 são mais otimistas, tendo em perspectiva a tendência de que os fundos de investimento estejam cada vez mais antenados às pautas ESG.
Ainda assim, o crescimento exponencial das climate techs enfrenta inúmeros problemas para sua inserção no mercado e impressão de verdadeiro impacto ambiental. A expansão no número de fundos de Venture Capital destinados à captação de recursos a serem aplicados em startups climáticas sugere o crescimento de investidores interessados em realizar aportes no segmento. No entanto, ainda há uma relutância ao investir, devido à ausência de parâmetros a partir dos quais seja possível avaliar a chance de sucesso do negócio ainda incipiente. Nesse sentido, o vultoso montante de capital necessário ergue-se como mais um obstáculo ao desenvolvimento e maturação das climate techs.
CONSIDERAÇÃO FINAL
Mundialmente, cada vez mais soluções tecnológicas favoráveis à transição de uma economia de baixo carbono têm sido desenvolvidas. E, em uma das frentes de combate às mudanças climáticas, estão as inovações desenvolvidas pelas climate techs. As principais delas estão vinculadas ao setor de energia, que também corresponde ao que mais recebe aportes dos investidores e está no centro do debate acerca da transição energética. A perspectiva futura é de que o segmento continue em expansão e consiga desenvolver empresas maduras e consolidadas voltadas à produção tecnológica em direção à sustentabilidade ambiental.
GLOSSÁRIO
Empresa unicórnio: São consideradas empresas unicórnio as startups cujo preço de mercado esteja estimado em mais de US$1 bilhão.
Exits: Corresponde ao momento em que os investidores liquidam, parcial ou completamente, a sua participação, normalmente, em uma startup. Em geral, os exists podem ser realizados a partir de (i) fusão da startup com uma ou mais empresas do mesmo segmento, (ii) aquisição por uma empresa ou (iii) abertura de capital em Bolsa de Valores por meio do IPO (initial public offering).
Venture Capital (VC): Corresponde a uma modalidade de investimento. Os fundos VC são comumente direcionados a empresas inovadoras em fase inicial, em que o risco e o potencial retorno são bastante elevados. Para saber mais sobre Venture Capital, você pode acessar um artigo publicado pela UFES Finance por meio do link: https://www.ufesfinance.com/post/entenda-o-que-s%C3%A3o-fundos-de-venture-capital-private-equity-e-search-funds.
Gabriela Morozini
Graduanda em Ciências Econômicas
Equipe de mídias da UFES Finance
REFERÊNCIAS
Climate Tech Report 2022. Disponível em: <https://technation.io/report/climate-tech-report-2022/>. Acesso em: 10 jan. 2024.
Defying gravity, 2022 Climate Tech VC funding totals $70.1B, up 89% on 2021. Disponível em: <https://www.holoniq.com/notes/2022-climate-tech-vc-funding-totals-70-1b-up-89-from-37-0b-in-2021>. Acesso em: 10 jan. 2024.
Economia de baixo carbono abre caminhos. Disponível em: <https://valor.globo.com/brazilchinameeting/noticia/2024/01/12/economia-de-baixo-carbono-abre-caminhos-sembarreira.ghtml>. Acesso em: 15 jan. 2024.
State of Climate Tech 2023: Investment analysis. Disponível em: <https://www.pwc.com/gx/en/issues/esg/state-of-climate-tech-2023-investment.html>. Acesso em: 20 jan. 2024.
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