O Bitcoin, assim como outras moedas digitais, tem gerado bastante curiosidade e interesse por parte de milhões de pessoas, devido a sua valorização nos últimos anos. A moeda que no início, 2010, era avaliada em menos de $1,00, hoje já vale mais de $19.000,00 a unidade. Todavia, como tudo que é novo, o Bitcoin ainda gera algumas dúvidas, seja pela dificuldade de se entender como funciona a engrenagem da moeda, sua utilidade ou até mesmo sua segurança. Tentaremos aqui explicar esses pontos de forma objetiva, facilitando a compreensão daqueles que têm interesse em começar a adquirir a moeda, ou outras criptomoedas.
O ponto inicial para entendermos o Bitcoin está em compreender todo o sistema por trás da criptomoeda. O Bitcoin, ao contrário das moedas tradicionais, como o real ou o dólar, não possui uma instituição central que determina os movimentos que serão atribuídos a ela. A responsabilidade pela criptomoeda é compartilhada entre os milhares de usuários ligados à rede do Bitcoin através da mineração. O termo “mineração” pode parecer estranho aos olhos de quem tenta entender o funcionamento da criptomoeda pela primeira vez, afinal, o que mineração tem a ver com o Bitcoin?
O termo mineração vem do fato de que o Bitcoin tenta emular o que seria uma mineração de ouro. Assim como o minério, tão valioso para nós, o Bitcoin é algo escasso, ou seja, é finito, possuindo exatos 21.000.000 de moedas existentes. Dessa forma, o que acontece nos termos de responsabilidade pela criptomoeda decorre do seguinte: cada indivíduo que possui bitcoins tem dois códigos, um código público e outro privado. Ao realizar uma transação, transferindo a criptomoeda para o código público de outro indivíduo, é gerada uma conta matemática no sistema criptografado da moeda. Os mineradores então, validam essa transação, resolvendo o problema, através da mineração. Ao ser realizada a transação, é gerado a conta matemática, em uma espécie de bloco, que deve ser montado por um dos milhares de mineradores, ou melhor dizendo, do computador de um dos mineradores, em uma espécie de competição, que validará a transação. Esse minerador, aquele que conseguir resolver mais rápido, é recompensado com uma quantidade de bitcoins, sendo essa a maneira pelo qual a criptomoeda entra em circulação. Cada bloco tem até 10 minutos para ser montado. A cada 4 anos a recompensa dos mineradores diminui pela metade, e isso deve ocorrer até a quantidade total de moedas ser minerada.
Com a transação validada, o código público, já pertencente a cada usuário de Bitcoin, é armazenado na Blockchain, uma espécie de livro contábil do Bitcoin, onde tudo é guardado, de forma que as transações se tornem mais seguras e dificulte a ocorrência de fraudes, e que está acessível a qualquer um na rede, facilitando a visualização das transações. Os Bitcoins gerados a partir da mineração também são registrados no sistema. A blockchain é uma peça fundamental no quebra-cabeça do sistema Bitcoin. Isso porque antes da existência da criptomoeda, era impossível realizar transações virtuais sem um terceiro envolvido intermediando a negociação.
Imagine que você deseja enviar uma foto para algum familiar ou amigo pela internet. Ao enviá-la, a foto agora está com a outra pessoa, porém, você ainda tem uma cópia dela. Antes da criação do Bitcoin e, consequentemente, da blockchain, esse era o grande problema. Ao realizar uma transação onde não havia um intermediário, poderia ocorrer uma duplicação do valor, o que é chamado de gasto duplo. Com o advento do Bitcoin, e o sistema blockchain armazenando todas as transações realizadas, um mesmo código não pode realizar duas transações, viabilizando pagamentos sem um terceiro agente. Logo, após uma primeira transação, que está sendo validada pelos mineradores, caso o mesmo código seja utilizado para outra transação, não ocorre a validação na mineração e a transação é cancelada.
Vale ressaltar que já existem agentes intermediários de Bitcoin e outras criptomoedas, as chamadas Exchanges, que são uma espécie de "corretoras de criptomoedas". Atualmente, elas são mais utilizadas que o sistema de "ponto a ponto", definido pela ausência de um intermediador.
Algo que deve ser observado, também, é que existem milhares de criptomoedas, com finalidades diferentes, e que possuem blockchains diferentes. A blockchain do Bitcoin é utilizada somente por ela, porém, não é a única.
É possível, a partir dessas informações, comprovar a eficiência e segurança do sistema. Entretanto, isso não invalida os riscos inerentes à moeda. Ainda que o sistema seja seguro, assim como qualquer outra moeda, você também pode perder bitcoins. Isso ocorre porque ao comprar bitcoins em uma Exchange, você adquire a possibilidade de armazená-las em uma carteira virtual ou no HD do seu computador. Logo, você se torna suscetível ao ataque de hackers, que podem roubar seus Bitcoins, ou a uma eventual queima do HD, perdendo assim seus dados, inclusive os Bitcoins. Uma maneira de se precaver quanto a isso é através do código privado. Mesmo com uma perda de arquivos, ao salvar o código privado em outro local, você consegue ter acesso aos Bitcoins.
A segurança não é o único ponto positivo referente à criptomoeda. Um dos principais diferenciais do Bitcoin está em poder realizar transações com qualquer indivíduo em qualquer parte do mundo. O que, em normas gerais, levaria tempo e passaria por uma certa burocracia em bancos e instituições financeiras, com o papel-moeda tradicional, com o Bitcoin se torna fácil e prático. Além disso, as transferências podem ser feitas em frações, não sendo necessário ter um Bitcoin “completo” para negociá-lo.
Algo interessante e cada vez mais habitual é a utilização do Bitcoin como reserva de valor. Investidores têm utilizado a criptomoedas como uma forma de proteger seu patrimônio da inflação, dos riscos presentes na interferência do Estado e dos ciclos econômicos. Não é atoa que em meio à crise da covid-19, a criptomoeda tenha tido uma grande valorização. No dia primeiro de Janeiro, 1 Bitcoin estava avaliado em $ 7.177,57. Hoje, 1 bitcoin equivale a $ 19.088,80. Valorização de, aproximadamente, 166%.
É importante salientar que existem muitas criticas ao uso do Bitcoin como reserva de valor. Usa-se como argumento o fato de a criptomoeda ser muito recente, e não passou por testes suficientes para receber essa função, como por exemplo, o ouro.
O que também gera desconfiança para alguns é a volatilidade da moeda, que oscila bastante. Outros, por sua vez, aproveitam da oscilação para tentar gerar ganhos em operações de curto prazo. O preço do Bitcoin oscila a partir das regras do mercado de oferta e demanda, logo, em momentos onde se tem um entusiasmo maior com a moeda, é normal que ela tenha uma valorização, e em momentos de menor entusiasmo, o preço da moeda regrida.
Outro fator importante está relacionado à utilidade da moeda no mercado. O bitcoin ainda é pouco aceito em comércios, estabelecimentos e até mesmo no E-commerce. Entretanto, serviços como o Paypal, já aceitam o Bitcoin como meio de pagamento, e por ser ainda recente, é provável que a aceitação aumente cada vez mais, principalmente em uma sociedade que caminha cada vez mais para o digital.
O que é inevitável dizer é que, o valor gerado a partir da expectativa dos usuários em relação ao que a moeda ainda pode representar num cenário futuro está aumentando cada vez mais. O Bitcoin abriu inúmeras portas e possibilidades para o futuro, seja através da blockchain, que pode ser relevante em diversos aspectos, principalmente no que diz respeito a digitalização de serviços, ou através da transformação no sistema monetário mundial que ela pode gerar.
Luan Victor França
Graduando em ciências econômicas / 2° período
Membro da Ufes finance desde 09/2020
Equipe de mídias
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