Quando se trata do mercado financeiro, temos a prática de falar de seus efeitos apenas para os investidores. Afinal, é comum ver em quase todos os grandes sites de notícias, informações acerca de quedas ou altas no IBOVESPA, o mais importante indicador do desempenho médio das cotações das principais ações negociadas na B3. O indivíduo que não é antenado no mercado de capitais ou sequer tem uma carteira de investimentos pode não saber, mas os resultados e o “sobe e desce” da bolsa de valores do Brasil e até mesmo de outros países são capazes de ter influência nas finanças pessoais, tal como empresariais. Continue lendo para entender como isso funciona.
COMO FUNCIONA A BOLSA DE VALORES?
A Bolsa de Valores (B3) é onde ocorre a compra e venda de ativos financeiros. Entre esses, estão as ações, fundos de investimento, ETFs e Títulos de Renda Fixa. Quando se pensa em bolsa, a primeira modalidade de investimentos que vêm à mente costumam ser as ações, que nada mais são que pequenos pedaços de uma companhia. As empresas, através de um IPO, “Initial Public Offering”, que significa oferta pública inicial em português, vendem parcelas de seu capital social, assim conseguem verba para realizarem suas operações. Como, por exemplo, o Nubank, que em dezembro do ano passado fez sua estreia na Bolsa Brasileira, e conseguiu arrecadar, de acordo com matéria do ESTADÃO, um acumulado de US$ 2,8 bilhões.
Quando o Índice IBOVESPA cai, isso normalmente se deve a uma queda significativa na cotação das principais empresas listadas na B3. Por exemplo, a Petrobras (PETR4), o Banco Itaú (ITUB4) e a Vale (VALE3). E o mesmo vale para as altas, se o preço das ações sobem, o indicador tem um melhor desempenho. Talvez fique com dúvida sobre como é definido o preço dessas ações, e o que causa seus aumentos e diminuições. Como quase tudo na economia, o valor é definido pela Lei da Oferta e da Procura. É bem simples, quanto maior a procura pelo ativo, a ação estará mais bem cotada, e vice-versa.
Ao entender de forma resumida seu funcionamento, fica mais fácil explicar como as movimentações na Bolsa conseguem influenciar o dia a dia.
A INFLUÊNCIA
Quando a bolsa está alta, isso indica um otimismo no mercado. Significa que pessoas e empresas estão dispostas a sacrificar liquidez, ou seja, o poder de ter aquele dinheiro no banco a qualquer momento, em nome de investir em alguma empresa da bolsa, pois eles acreditam que o mercado gerará retorno financeiro no futuro. E quando as ações das empresas estão valorizadas, essas companhias ficam mais propícias a abrir ainda mais seu capital para investidores, permitindo a expansão da empresa e assim, aumentando suas receitas, gerando emprego e renda para pessoas que nada tem a ver com o mercado financeiro. Além disso, esse movimento acaba por gerar um otimismo entre os próprios investidores, que, por consequência, tendem a ser induzidos a consumir ou investir mais. E isso proporciona um efeito em que, pequenas empresas que não estão na bolsa decidem também se expandir, pois acreditam que o mercado está em um bom momento.
Dessa forma, a população acaba por desfrutar de mais oportunidades de emprego e renda, além de poder desfrutar dos novos empreendimentos que estão surgindo devido essa alta do mercado.
Porém, assim como existem os efeitos positivos da Bolsa na vida do cidadão comum, esse mercado também é capaz de gerar problemas para a economia. Por outro lado, uma queda no Índice gera pessimismo. Vamos usar um exemplo recente, o começo da pandemia da COVID-19. Em março de 2020, os surtos do novo vírus apareceram em quase todos os cantos do planeta, incluindo o Brasil. À medida que os casos, as hospitalizações e o número de mortes aumentavam exponencialmente, governos ao redor do mundo começaram a pôr em prática as medidas de isolamento social, que envolviam a quarentena da população. Com o isolamento, as pessoas não vão para o shopping, não frequentam restaurantes e no geral consomem menos. Então, a economia entra em depressão. Logo, quase todos que tinham dinheiro investido na Bolsa de Valores venderam seus ativos e como a Lei da Oferta e da Procura não perdoa, as ações despencaram de valor e o IBOVESPA teve uma queda mensal de 30%, a maior em 22 anos.
Demonstrando, assim, o pessimismo do mercado, as empresas decidiram que o melhor era adiar os investimentos e sua expansão, afetando diretamente a criação de empregos e o fluxo de dinheiro na economia. Com as incertezas, bancos também passam a oferecer menos empréstimos para pessoas jurídicas e físicas, piorando a oferta de crédito e diminuindo a movimentação de moeda. Além disso, pessoas com dinheiro aplicado em fundos de pensão ou seguros também são afetadas, seja em momentos de crescimento quanto de recessão, pois as seguradoras investem em ativos negociados na bolsa.
Sendo assim, uma mudança na Bolsa de Valores Brasileira influencia na saúde financeira tanto das grandes empresas listadas na B3 quanto aquelas que não estão. As oportunidades de emprego do cidadão comum podem diminuir, o banco que você deixa seu dinheiro pode ter problemas, e não lhe oferecer um financiamento de uma casa, dentre outras situações.
CONCLUSÃO
As bolsas de valores podem ser primordiais no crescimento econômico de um país, mas sua existência vem acompanhada de volatilidade, que pode gerar grandes ganhos, bem como perdas. Por isso, é sempre importante haver diversificação no seu portfólio de investimentos, seja você um investidor já experiente ou simplesmente alguém que quer conhecer melhor o mundo das finanças. Espero que esse artigo tenha ajudado a adquirir maior conhecimento sobre a área.
Gustavo Altoé
Estudante de Ciências Econômicas
Equipe de Mídias da UFES Finance
REFERÊNCIAS
Parabéns! É importante divulgar os efeitos das oscilações da bolsa na vida dos não investidores. No Brasil o público que investe é uma fração bem pequena da população, mas este tipo de conhecimento deveria ser oferecido desde o ensino fundamental.